"Dançar é utilizar o corpo, a mente e a cosciência como manisfetaçao do Sagrado.
Os olhos guardam a expressão da alma, a fronte ardonada a capacidade intuitiva e a percepão mais sutíl das coisas. Mãos e pés revelam a ação que se harmoniza com o coração, esse fazer é minha oração, a todas e nenhuma das formas. Nesta ação não há distinção entre dança e yoga.
Ao Sagrado que cria, preserva e transforma, eu me rendo!"
Silvana Duarte
Dança Odisii
A Dança Odissi é um dos sete estilos das danças clássicas indianas, originada no estado de Odisha, na costa leste da Índia. É uma dança muito antiga tendo suas primeiras referências ainda no séc. II a.C. e possui muitas evidências arquiológicas nos templos daquela região, principalmente no Templo de Konarak, o templo do Sol, onde esculturas de figuras femininas em tamanho natural, foram esculpidas retratando os passos, gestos e olhares utilizados na composição da dança.
O Odissi propõe a vinculação de diversos âmbitos artístico: dança, música, teatro, pintura e literatura. Repercutindo a vivacidade da atuação cênica na interpretação de símbolos e conhecimento metafísico enquanto eleva o lirismo da emoção e do sentimento.
Nesta arte o corpo experimenta um diálogo equilibrado da forma viril com a graça, das linhas simétricas com as assimétricas, da representação da energia feminina com a masculina. Trazendo ênfase para as mãos e sua gestualidade, transformando movimentos do cotidiano em gestos poéticos e cheios de simbolismos, de uma maneira lúdica e prazerosa.
O praticante desenvolve a apropriação do corpo e suas possibilidades de expressar ideias, histórias, mensagens, intenções e emoções. No nível psicológico a pratica regular da dança Odissi, ajuda a desenvolver: auto-confiança, equilíbrio emocional, clareza mental e tranquilidade.
A principal característica dessa dança é a harmonia entre os opostos: fluidez e rigidez. E suas composições dramaturgicas podem ser dividida em dois tipos: a Nritta, que é composta apenas de movimentos, e a Nritya que é quase que uma história contada por movimentos. Neste segundo aspecto cada expressão facial e cada movimento do olho têm um significado diferente, comunicando assim vários temas míticos, emoções e estados de alma (bhava).
Se compararmos a dança Odissi com alguma forma da natureza encontraríamos no elemento água maior similaridade. As pernas fazem peso pra baixo te permitindo boiar na superfície dos gestos que são leves, sinuosos, fixos ou mutáveis.
Odissi tem sabor de mel e aroma de jasmin. É como se você tivesse acabado de se apaixonar. É a intensidade da paixão. “Sati”
Odissi traz vida e intensifica os sentimentos profundos. Tem um toque de sedução, romantismo e êxtase.
O Odissi é uma mistura de nritta (os elementos rítmicos), nritya (a combinação de ritmo com a expressão) e natya (o elemento dramático).
"Ao fazer dança percebemos que ali dentro de nós sempre houve um artista. Alguém que deseja se conectar, se descobrir. De descobrir a magia de seus melhores gestos e movimentos.
De criar uma versão melhorada de Si mesmo. Mais feliz e plena. Odissi é uma dança para ser apreciada por todos aqueles que desejam viver uma experiência que vai além do entretenimento. É para aqueles que ousam ir além. Odissi é literalmente uma aventura que nos coloca no papel de explorador nos caminhos de nosso próprio corpo, mente e espírito. É um estilo de dança clássica e teatral originária do estado de Orissa, Índia. É uma arte que combina de forma sensível e poética a dança, o teatro, a música e a literatura."
Silvana Duarte
Passos básicos da Dança Odissi
Tribhangi
Tribhangi é uma das posições mais importantes da dança Odissi, que carrega a marca deste estilo. Ela ressalta uma qualidade mais graciosa, doce, feminina, ying no Ocidente e Lasya na Índia – qualidade diretamente associada à figura da deusa Parvati, a consorte de Śiva.
A principal qualidade desse passo se revela pelas três dobras do corpo, que formam três triangulos entre: pernas, torso e pescoço.
Chouka
Chouka contém o mesmo de nível de importância da dança Odissi. Ela ressalta uma qualidade mais viril, masculina, yang no Ocidente e Tandava na Índia – qualidade diretamente associada à figura do deus Śiva. Mas à imagem de chouka está associada à Jagannath, a deidade hindu que presidi esta forma de dança.
Ele se caracteriza por sua forma quadrada e rigida, onde joelhos e cotovelos se encontram dobrados em simetria, formando dois quadrados no corpo: pernas e braços.
Bhumi Pranam
Saudação a Mãe Terra
abertura das aulas
Bhumi em sânscrito significa Terra e ela é venerada na Índia como uma Mãe – Divina. Pranam significa saudação. A Saudação à Mãe – Terra funciona como uma senha de abertura e fechamento de uma aula ou prática de dança Odissi. Consiste em saudar todas as coisas em meu entorno e acima, pedir desculpas por bater os pés Nela e receber suas bençãos com o gesto simples de tocar a Terra com pataka ou catura hasta. Esta benção é levada aos olhos, à testa e à cabeça. Pedimos internamente que essa Mãe abençõe a realização desta prática de dança.
Dhuana Sloka
Oração do Dançarino
(Abhinaya Darpanan, Nandikesvara)
1ª coreografia que o estudante aprende
OM
āngikam bhuvanam yasyā
vācikam sarva vāngmayam
ahāryam candra tarādī
tvam namah sāttvikam śivam
“Guru Brahma, Guru Viṣṇu, Guru Deva Maheśvara
Guru Sākśāt Parabrahmam, Tasmai Sri Gurave Namaha”*
*Seleção do ‘Guru Gita’ do ‘Skanda Purana’
OM SHANTI SHANTI SHANTI
Aquele cujo corpo em movimento é todo o Universo
Cuja fala é a linguagem (do universo)
Cujo ornamento são a lua e as estrelas
Ele, a versão pura (sereno) Senhor Shiva!
Guru Brahma, Guru Viṣṇu,
Guru Deva Maheśvara
– Aquele que cria, mantêm e destrói
todas as coisas, é meu professor
Guru Sākśāt Param Brahma
– a impermanência é meu professor
Tasmay shri Guraveh Namaha
– a esse respeitado Professor eu ofereço a minha devoção
Śiva é adorado como a manifestação dos quatro tipos de abhinaya, āngika, vāchika, āhārya e sātvika Abhinaya. Numa das mãos segura o tambor e na outra o fogo, simbolizando a criação e a destruição de todas as coisas. Com uma das mãos Ele abençoa e a outra, Ele aponta seu pé esquerdo, que está sobre o demônio que representa a ignorância.
O Nāṭyaśāstra
Tratado das Artes indiana
O Națyaśastra é tido como o principal tratado do campo da estética ao qual convergem diferentes correntes teóricas e práticas na Índia. Diversas artes clássicas declaram sua origem no Nāţyaśāstra, como as danças clássicas Bharatanāţyam e o Kathak; os teatros clássicos Kūţiyaţţam e Kathakali; em relação à música clássica, o Nāţyaśāstra permanece como uma das principais fontes por apresentar, dentre seus capítulos, a definição das escalas, dos intervalos entre as notas, as regras de harmonia e etc.
A presença do śastra enquanto componente da “sucessão preceptor-aluno” (guruśișyaparamparā) pode ser observada na fala da bailarina contemporânea de Bharatanāţyam3 : “Quaisquer idéias expressas por um artista em uma apresentação de bharatanāţyam que considera seu trabalho sob uma perspectiva ampla que inclui teoria e os śastras, por um lado, e o gurușishyaparampara, por outro, devem ser governadas por sua atitude particular em relação à arte antiga em um contexto moderno.” (Viswanathan, 2010: 41)
Datação
Sua composição é datada dentre os séculos II a.C e II d.C (Richmond, 2007: 35). Observa Rao (2010), que diversos conceitos e noções presentes na obra são considerados pelo próprio texto como advindos de autores precedentes dos quais não se encontra atualmente sobrevivência de trabalhos escritos. Ao lermos diretamente o Nāţyaśāstra, também observamos diversas citações a pensamentos de uma autoria indefinida, recorrendo o autor a uma espécie de “tradição impessoal”.
O Nāțyaśāstra permanece como o mais antigo tratado das artes disponível em sânscrito. A cronologia do texto é favorecida por algumas de suas características, conforme comenta PushpendraKumar (2010, p. 4), e indica uma origem posterior aos quatro Veda-s e anterior aos Purāna-s, sendo consideras como datas prováveis de fixação algo entre o século II a.C e II d.C.
Autoria
A autoria do Nāțyaśāstra é de difícil determinação, pois o nome do autor – Bharatamuni – pode designar um indivíduo ou, de modo diverso, um nome utilizado sucessivamente por diversas pessoas pertencentes a determinada escola ou, ainda, o nome de um compilador tardio de idéias advindas de diferentes fontes, incluindo orais. Tal fato não possui maiores implicações com relação ao prestígio da obra, pois o exposto não é compreendido como a posição de um sujeito isolado, mas uma explanação e sistematização de noções largamente partilhadas em uma tradição estética (RAO, 2010). Como observa AdyaRangacharya (2005), o texto apresenta mudanças de estilo e é de escopo tão amplo que aparenta um recenseamento de todo o conhecimento disponível em determinado momento acerca das diversas artes.
Organização interna do texto
O Nāțyaśāstra é apresentado na forma de um diálogo que ocorre entre o autor, Bharatamuni, e vários outros sábios que lhe dirigem questões. Ao todo, são 36 capítulos dentre os quais pode-se observar partes metrificadas e outras em prosa. As partes metrificadas são numeradas, facilitando a citação e referência. Apesar de uma aparente amplitude excessiva, a organização segue uma disposição orgânica. Tal organicidade é favorecida devido ao tema ser restrito à descrição de uma única arte, o nāţya. É freqüente a tradução de “nāţya” por “teatro”. Embora, talvez, essa seja a melhor tradução possível, o termo pode induzir ao erro, pois se trata de uma forma performática que não se reduz a um “gênero” teatral, se pensarmos esse último em sua origem grega. Em semelhança com o teatro, o nāţya se expressa através da dança e da gestualidade, da música e da voz, da maquiagem e do figurino. Há, ainda, um texto dramatizado pelos personagens. Não obstante, o nāţya não se equivale à apresentação teatral, pois a dança e música são tão constitutivos do espetáculo quanto a encenação do enredo. Uma aproximação possível seria com a ópera.
No nāţya descrito por Bharata, os diversos planos expressivos (abhinaya), como a expressão corporal, sonora e visual, não podem ser reduzidos um ao outro. Todos afluem, com a mesma relevância, para a experiência estética, ao passo que, no teatro, todo o espetáculo converge para o enredo. É devido a esse caráter “multimeios” do nāţya de Bharata e ao detalhamento metódico apresentado para a formalização da expressão em cada um dos planos expressivos que sua influência se estende pelas mais diversas artes, desde a escultura até a poesia. Pode-se dividir o texto do Nāțyaśāstra em três grandes blocos segundo certa funcionalidade que cada um assume em relação ao todo. O primeiro bloco seria constituído, primeiramente, pelos cinco primeiros capítulos, que podemos considerar introdutórios ou preliminares; o segundo é constituídos pelos capítulos VI e VII, que podemos considerar como os capítulos centrais onde é desenvolvida a concepção estética que subjaz ao nāţya. Do capítulo VIII ao XXXV, são abarcadas cada uma das abhinaya-s, que mencionamos provisoriamente como “planos de expressão”, assim como os demais componentes do espetáculo cênico. Esse grande bloco pode ser subdividido e, assim sendo, os capítulos VIII a XIII abordam a expressão corporal; os capítulos XXVIII e XXXIII dedicam-se à componente musical; etc. O último capítulo (XXXVI) forma com o primeiro bloco uma unidade funcional, retomando alguns temas, como a exortação à prática do nāţya, exaltando seus benefícios, e isso serve de conclusão geral para a obra.
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